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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os Namorados – Hans Christian Andersen

andersen

O Google substituiu o logo principal por um que contém imagens de contos de fadas. Está homenageando Hans Christian Andersen pelo aniversário de 205 anos de seu nascimento.

Hans Christian Andersen era um escritor dinamarquês e entre suas criações estão nada menos que “O patinho feio”, “O soldadinho de chumbo”, “As roupas novas do imperador”, “A pequena sereia”, “O rouxinol” e “A princesa e o grão de ervilha”. O cara não era fraco, não!

Quando eu tinha uns 16 anos, achei um livro dele em casa e peguei para folhear. Quando vi que ele era o autor de tantas histórias famosas, confisquei o livro para mim. Inspirei-me nele. Posso não ter conseguido nada, mas passei a escrever alguns contos com a intenção de que eles ficassem famosos. Mais famosos do que quem escreveu. Quem sabe eu ainda não chegue lá?

Na época, um conto não conhecido me chamou muito a atenção. Eu nunca mais me esqueci dele. Chama-se “Os namorados”. Para que vocês o conheçam, coloco-o a seguir na íntegra. Deliciem-se, assim como eu há 10 anos.

Eduardo Franciskolwisk

 

Os Namorados

O Pião e a Bola achavam-se numa gaveta, junto com outros brinquedos, e o Pião disse a Bola:

- Não vamos ser namorados, já que estamos juntos na mesma gaveta?

A Bola, porém, feita de marroquim, e tão vaidosa como uma senhorita elegante, nem resposta quis dar a semelhante pergunta.

No dia seguinte, veio o menino, dono dos brinquedos. Pintou o Pião de vermelho e amarelo, e pregou-lhe bem no centro um prego de latão. Era muito bonito quando o Pião girava.

- Olhe para mim - disse o Pião à Bola - que diz você agora? Não vamos então ser namorados? Servimos muito bem um para o outro: você pula e eu danço. Ninguém poderá ser mais feliz que nós dois.

- É o que o senhor pensa - disse a Bola - certamente não sabe que meu pai e minha mãe foram chinelos de marroquim, e que tenho dentro de mim uma cortiça.

E eu sou feito de mogno - disse o Pião - o próprio prefeito me torneou em seu torno, o que lhe deu um grande prazer.

- Se eu pudesse acreditar nisso! - disse a Bola.

- Quero nunca mais ver uma fieira em toda a minha vida se for mentira o que eu disse - respondeu o Pião.

O senhor advoga bem a própria causa - disse a Bola - mas não posso namorar. Estou quase comprometida com um sr. Andorinha. Cada vez que subo ao espaço, ele põe a cabeça fora do ninho e pergunta: "Quer? Quer?" Ora, eu intimamente já disse que sim, o que equivale a um meio compromisso. Mas lhe prometo que nunca o esquecerei!

- E isso vai adiantar muito! - disse o Pião.

E nada mais disseram.

No dia seguinte vieram buscar a Bola. O Pião viu como ela subia a grande altura, como um pássaro, desaparecendo de vista. Voltava todas as vezes, mas dava um grande salto cada vez que tocava o chão. Devia ser por causa das saudades, ou por causa da cortiça que ela tinha dentro dela. A nona vez a Bola subiu ao alto, e não mais voltou. O menino procurou muito, e nada: a Bola sumira.

- Bem sei onde ela está - suspirou o Pião - está no ninho do sr. Andorinha e com ele se casou.

Quanto mais o Pião pensava naquilo, tanto mais se apaixonava pela Bola. Por não poder tê-la, seu amor por ela aumentava. O fato de ter ela ficado com outro, tornava o caso mais apaixonante. O Pião dançava ao redor e zunia, mas sempre pensava na Bola, que em seus pensamentos se foi tornando cada vez mais bonita. Passaram-se assim muitos anos e o amor do Pião transformou-se num velho sonho.

O Pião não era mais moço. Um dia, porém, foi inteiramente pintado de dourado. Nunca fora antes tão bonito. Era agora um Pião de Ouro, e pulava, deixando um zunido pairando no ar. Aquilo sim, era formidável! Mas de repente ele saltou alto demais - e sumiu.

Procuraram por toda a parte, até na adega, mas nada de aparecer o Pião.

- Onde estaria ele?

Pulara para dentro da barrica de lixo, onde jaziam amontoados talos de couve, cisco e entulho caído da calha.

"Estou bem arrumado" - pensou o Pião - "aqui a douração não tardará a sair de mim. E que gentalha é essa em cujo meio vim parar!"

Olhou de esguelha para um longo talo de couve e para um estranho objeto redondo, que parecia uma maçã velha. Mas não era uma maçã. Era uma velha Bola que durante muitos anos estivera caída na calha, embebida de água.

- Graças a Deus, aí vem alguém com quem se pode falar - disse a Bola ao ver o Pião Dourado - eu, para falar a verdade, sou de marroquim, costurada pelas mãos de uma gentil senhorita, e tenho uma cortiça dentro de mim. Mas duvido que se veja isso agora. Eu estava prestes a casar-me com uma andorinha quando caí na calha, e ali estive por cinco anos, encharcada de água. É um longo tempo, pode crer, para uma jovem.

O Pião não respondeu. Pensava em sua antiga namorada, e quanto mais a ouvia, tanto mais certo estava de que era ela.

Nisto chegou a criada e quis virar a lata de lixo.

- Oh! Aqui está o Pião Dourado! - disse ela.

E o Pião retornou à sala, à antiga posição de respeito, mas da Bola nada mais se ouviu. O Pião nunca mais falou em seu antigo amor. O amor se extingue quando a amada passa cinco anos numa calha, embebendo-se de água. Nem a conhecem mais quando a encontram na lata de lixo.

Hans Christian Andersen

6 comentários:

  1. Fala Cara.
    Gostei do seu blog tbm!
    Quanto a parceria, podemos ver, mas não sou bom com as palavras.. A maioria dos meus posts, eu falo sobre o que eu to sentindo..
    Abraços!

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  2. Francis, parceria?
    Eu coloquei o link do seu espaço simplismente por gostar de ler sua página.
    Mas uma parceria seria bom.
    Segue o link do meu blog

    http://assassinolouco.blogspot.com/

    Contato, thiago-viny@hotmail.com

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  3. Olá, sou amiga (melhor amiga) do DonCarioca, vim conhecer o blog por causa de um comentário seu no blog dele.

    Adorei a proposta do blog. No meu sou mais "fria", não falo de assuntos do coração, pelo menos não do meu, rs.

    Gostei mesmo, já virei seguidora.

    Beijos

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  4. Tenho indicação de um outro blog, q fala de romance, mas nao posso deixar o link aqui... Como podemos fazer???

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  5. sim.
    vamos trocar links.
    ps.: legal linkar barretenses!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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