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domingo, 13 de abril de 2014

Fugindo de casa

fugindo de casa

Toda criança que foge de casa, não quer fugir, ela quer ter seus gostos e mimos feitos pelos outros. Eu, quando criança, adorava bancar o rebelde e qualquer probleminha que tinha em casa, já anunciava:

— Vou fugir de casa!

E, depois, para fazer tortura psicológica com meus familiares, completava:

— E nunca mais volto!

Drama feito, eu corria em direção à porta da rua. Saía de casa sem rumo. A intenção era arrumar um outro local para morar. Mas logo depois de fugir, eu percebia que arrumar uma casa e uma família nova não era tão fácil assim. Eu não tinha para onde ir. Então, eu dava umas voltas no quarteirão para dar tempo deles sentirem minha falta e também de perceberem como suas vidas seriam ruins sem a minha fantástica presença. Aí, preocupados com eles, eu voltava para casa, explicando:

— Eu sei que vocês estão arrependidos e que ficaram com muitas saudades de mim nestes longos 15 minutos. Então, resolvi voltar. Vocês estão perdoados!

No entanto, teve um dia de fuga em que minha irmã mais velha, acho que já cansada das minhas eternas fugas, implorou para que eu não fosse.

— Desta vez é verdade, eu vou embora e nunca mais volto! Nunquinha! – gritei para quem quisesse ouvir.

E saí correndo! Quando já estava na calçada, ouvi minha irmã suplicando:

— Não! Não vá! Espere um pouco!

Parei de correr e ela veio em minha direção!

— Espera um pouco! Não saia daí. – disse ela, voltando para dentro de nossa casa.

Imaginei que ela não quisesse que eu fosse embora. Imaginei que ela tivesse entrado para convencer minha família a fazer as coisas do meu agrado, ou seja, a não me contrariar. Senti que ela realmente gostava de mim. Se tudo estivesse do meu jeito, eu ficaria feliz e não precisaria fugir. Então, aguardei a volta de minha irmã com o acordo de paz.

Momentos depois, ela surge correndo na minha direção. Em suas mãos havia um pedaço de pau, com uma trouxinha amarrada na ponta, igualzinha às dos gibis, dessas que carregamos no ombro.

Então, ela disse:

— Pronto, aqui está! Fiz uma trouxinha pra você. Agora, você pode fugir! Ah! E não volte... Adeus!

Eu fiquei roxo de raiva! E enquanto eu estava bravo, todos riram de mim.

Sempre penso nesta história e sempre concordo que a piada foi boa! Acho engraçado e rio sozinho. Pensei que ela queria que eu ficasse e ela só estava se certificando de que eu tinha todo o necessário para não voltar.

Eduardo Franciskolwisk

Um comentário:

  1. Kkkkkkkkkk... Eu e meu irmão fazíamos isso, só que eram em sacolas de supermercado.

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